e nada ficou como dantes...
-Fala mais alto.
-Não quero.
-Fala mais alto. Quero sentir-te.
-Não posso. Não quero.
-Quando fals baixo, sinto-me encurralada.
-Porquê?
-Porque começo a sentir-te mais do que desejaria.
-Quanto mais?
-Fala mais alto, por favor.
-Quanto?
-Metade deste oeano.
-Tu é que quiseste ficar.
-Tu é que quiseste partir.
-Sim.
-Sim, o quê?
-Sim, eu quis partir.
-Diz o meu nome.
-Diz o meu nome.Tens medo de dizer o meu nome.
De repente posso entrar na mesma terra que tu e procurar-te.
Assombrar-te.
-Eu sou a terra onde estou.
-Pensei que eu era a tua terra.
-Diz-me um poema.
-Agora?
-Agora. Inventa-o.
-Vou-me embora.Diz-me um poema para eu desligar.
-Começa como?
-Não sei.
-Diz.
-Sim.
-Fala mais alto.
-Lembras-te do telhado com a janela de cortinas azuis?
-E do gato.
-O gato está à janela.
-Sou eu.
-Diz o meu nome.
-Desliga quando eu disser.
Sem comentários:
Enviar um comentário